quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A saga de uma pipoca enlouquecida

Por Luciana Passos


As barracas de bebidas, comidas tomaram conta das calçadas em todo percurso do carnaval. Na Avenida Adolfo Viana, os ambulantes colocaram seus isopores e carrinhos nas finas calçadas. Enquanto a rua ta livre, todos vão para o meio da avenida, que por sinal fica intransitável, procurando um espaço que dê para se mexer ao som dos carros ligados.

Lá vem o trio... e com ele uma multidão beirando as corda do bloco.Corre todo mundo para as minúsculas calçadas.Aperta, empurra,afasta, tem que ter lugar pra todos...
Alguns ficam estatelados nas paredes. Dançar jamais. A vontade de ver a banda se transforma em desespero pra que ela passe logo.

O bloco passou. Ufa ! Agora é hora de respirar e tomar um ar!
Os trios vão descendo a avenida... e a onda de foliões vai no empurra, empurra.

O próximo ponto de sufoco é a curva pra entrar na Orla... Esse é o ponto do aperto, o pior de todos. É um daqueles lugares que ou passa o bloco, ou passa o trio, ou passa a pipoca... Imagine só o malabarismo do motorista do caminhão e dos cordeiros para que trio, bloco e pipoca passem todos de uma vez naquele trecho.

De um lado a multidão se esmaga na continuação das “tiras” de calçadas, do outro lado, na orla é tanta gente que só faltam cair barranco abaixo.
E assim vão...amassados ,porém empolgadíssimos, os foliões...até chegar no meio da Orla , onde estão concentrados os bares.

Pausa para mais uma confusão... pra onde vamos?, pensa o folião da pipoca. De um lado os bares lotados, cercados, do outro, centenas de barraquinhas no meio da rua, em cima das calçadas.Mais na frente o camarote extenso.A pipoca mais uma vez fica num pedacinho de calçada até o trio passar...

Essa etapa da folia é mais um sufoco.E haja demora...pois é a hora do trio parar,do cantor falar com o prefeito , com a mulher do prefeito, brincar, fazer estripulia com foliões do bloco...é a hora de se mostrar, de levantar a poeira, de agitar as pessoas...de animar os camarotes, de repetir as musicas de sucesso que foram cantadas durante o percurso...

Aí, esgotado o tempo o motorista puxa o trio... Passou do camarote, as cordas do bloco já estão no chão... A pipoca ,já esta misturada com os participantes padronizados, está lá firme e forte aproveitando as “sobras”...

Esse trecho que finaliza o percurso é o menos poluído por ambulantes... Nele as calçadas já estão mais desocupadas, mais livres. O empurra –empurra já diminuiu ... pena que já é o final...

Agora imagine toda essa história que contei duplicada ou triplicada, pode ser. Foi assim a sexta-feira de carnaval. A atração mais esperada por todos os baianos levou pra rua muita gente. O dia em que todo mundo de Juazeiro foi ver Chiclete com Banana. Apareceu gente de todo canto que se possa imaginar: do chão, no bloco, em cima do trio, na laje, em cima das árvores, nas sacadas, nos camarotes, em cima de carros e muros.

Não tinha, nesse dia, realmente espaço nem para se mexer. O bloco tornou-se uma estreita faixa colorida no meio da picoca enlouquecida, furiosa, gritando...E se antes, tanto aperto e sufoco chegava a faltar o ar ... em chiclete acredito que teve gente que desmaiou, passou mal...a pipoca sofreu. Fez melhor quem ficou em casa pra ver no outro dia a cobertura pela TV.

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