Por Luciana Passos
As barracas de bebidas, comidas tomaram conta das calçadas em todo percurso do carnaval. Na Avenida Adolfo Viana, os ambulantes colocaram seus isopores e carrinhos nas finas calçadas. Enquanto a rua ta livre, todos vão para o meio da avenida, que por sinal fica intransitável, procurando um espaço que dê para se mexer ao som dos carros ligados.
Lá vem o trio... e com ele uma multidão beirando as corda do bloco.Corre todo mundo para as minúsculas calçadas.Aperta, empurra,afasta, tem que ter lugar pra todos...
Alguns ficam estatelados nas paredes. Dançar jamais. A vontade de ver a banda se transforma em desespero pra que ela passe logo.
O bloco passou. Ufa ! Agora é hora de respirar e tomar um ar!
Os trios vão descendo a avenida... e a onda de foliões vai no empurra, empurra.
O próximo ponto de sufoco é a curva pra entrar na Orla... Esse é o ponto do aperto, o pior de todos. É um daqueles lugares que ou passa o bloco, ou passa o trio, ou passa a pipoca... Imagine só o malabarismo do motorista do caminhão e dos cordeiros para que trio, bloco e pipoca passem todos de uma vez naquele trecho.
De um lado a multidão se esmaga na continuação das “tiras” de calçadas, do outro lado, na orla é tanta gente que só faltam cair barranco abaixo.
E assim vão...amassados ,porém empolgadíssimos, os foliões...até chegar no meio da Orla , onde estão concentrados os bares.
Pausa para mais uma confusão... pra onde vamos?, pensa o folião da pipoca. De um lado os bares lotados, cercados, do outro, centenas de barraquinhas no meio da rua, em cima das calçadas.Mais na frente o camarote extenso.A pipoca mais uma vez fica num pedacinho de calçada até o trio passar...
Essa etapa da folia é mais um sufoco.E haja demora...pois é a hora do trio parar,do cantor falar com o prefeito , com a mulher do prefeito, brincar, fazer estripulia com foliões do bloco...é a hora de se mostrar, de levantar a poeira, de agitar as pessoas...de animar os camarotes, de repetir as musicas de sucesso que foram cantadas durante o percurso...
Aí, esgotado o tempo o motorista puxa o trio... Passou do camarote, as cordas do bloco já estão no chão... A pipoca ,já esta misturada com os participantes padronizados, está lá firme e forte aproveitando as “sobras”...
Esse trecho que finaliza o percurso é o menos poluído por ambulantes... Nele as calçadas já estão mais desocupadas, mais livres. O empurra –empurra já diminuiu ... pena que já é o final...
Agora imagine toda essa história que contei duplicada ou triplicada, pode ser. Foi assim a sexta-feira de carnaval. A atração mais esperada por todos os baianos levou pra rua muita gente. O dia em que todo mundo de Juazeiro foi ver Chiclete com Banana. Apareceu gente de todo canto que se possa imaginar: do chão, no bloco, em cima do trio, na laje, em cima das árvores, nas sacadas, nos camarotes, em cima de carros e muros.
Não tinha, nesse dia, realmente espaço nem para se mexer. O bloco tornou-se uma estreita faixa colorida no meio da picoca enlouquecida, furiosa, gritando...E se antes, tanto aperto e sufoco chegava a faltar o ar ... em chiclete acredito que teve gente que desmaiou, passou mal...a pipoca sofreu. Fez melhor quem ficou em casa pra ver no outro dia a cobertura pela TV.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
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