domingo, 15 de fevereiro de 2009

O verdadeiro resgate

Carol Souza*

Depois de alguns anos de reclamações por parte dos foliões juazeirenses, o carnaval de Juazeiro está de volta e com toda estrutura física e financeira. Os grupos que fazem sucesso como, por exemplo, os famosos pagodes que "botam as xanas pra ralar" e as bandas que cantam os 'hits' que balançam as micaretas e carnavais em todo o Brasil, marcaram mais essa folia baiana.

Mas, além de tudo que já era esperado de uma festa desta magnitude, uma vergonha persiste: a exploração e a negligência que algumas (muitas) crianças sofrem no decorrer da festa. Enquanto alguns agentes do Juizado da Infância e Juventude buscavam irregularidades, elas não se intimidaram em se apresentar descaradamente.

Catadores infantes que se abaixavam entre os passos de dança e os habituais empurrões dados pelos foliões, enlouquecidos com a festa, lutavam para obter o maior número de latinhas de alumínio que os seus frágeis corpos podiam carregar. Eram enormes sacolas que procuravam brechas entre a multidão "anestesiada".

E negligência? Esta foi tão evidente, tão visível, já que pais, mães, parentes em geral, apresentaram a festa para as crianças (algumas delas de colo e até mesmo no ventre), tantos e tão jovens tendo que se proteger dos empurrões das brigas, e às vezes até das tropas (públicas e particulares) que garantiam a "ordem" na folia.

Então podemos perguntar: Depois do resgate do carnaval de Juazeiro, quando vamos assistir "de camarote" ao resgate ou a atuação verdadeira do Estatuto da Criança e do Adolescente? E podemos questionar também: Quando o ECA ganhará o respeito que o Rei Momo já têm?

*Estudante do 7º período de Jornalismo da UNEB / Juazeiro

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