sábado, 7 de fevereiro de 2009

Retrovisor de trio elétrico

Por Cecílio Bastos
A atitude é assim, genial, concreta, lavradora das idéias. E é com safras e safras de pancadas que hoje renova seu intelecto pro cultivo da coisa melhor. Poderia imitar o vídeo e lavrar o exemplo, sepultando o herói na cova da batalha que guerreou. Mas, tendo nos ensinado os erros, prefere agora residir no intervalo da escuridão, onde, como uma estrela de brilho raro, vai concretizando os sonhos que podemos ter.

Gesto eficaz, a atitude muitas vezes não se distancia do bem, mas acaba efetuando o mal, assim como Conselheiro não distanciou. Olga Benário e Fidel também não. Porque os indignados, os pensadores e os gladiadores da igualdade aprendem cedo que “paz sem voz não é paz, é medo” (Marcelo Yuka). Como diz Evo Morales: “se o mundo inteiro não tomar conhecimento dessa realidade, que os estados nacionais não estão promovendo nem mesmo o mínimo para a saúde, educação e o desenvolvimento, então a cada dia direitos humanos fundamentais estarão sendo violados”.

Pois eu estava pensando nessas coisas do revolucionário, nessa gente que conquista com a Paz, e me lembrei de Mahatma Gandhi por motivos óbvios. Queria ter a oportunidade de ouvi-lo na forma mais concreta de difusão do seu legado. Gandhi desenvolveu o uso de AHIMSA que significa “sem dor” e normalmente é traduzido “não violência”. Seguiu o ódio de preceito, o pecado e não o pecador. Em suas palavras, “desde que nós vivemos espiritualmente, ferir ou atacar outra pessoa são atacar a si mesmo. Embora nós possamos atacar um sistema injusto, nós sempre temos que amar as pessoas envolvidas”. Mesmo no meio da guerra, certa vez Guevara citou: “Correndo o risco de parecer ridículo, deixe-me dizer-lhes que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor”. E ainda, “há de endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura”.

É de amor que se faz a conquista, a paz e, já que estamos falando dela aqui, a atitude. Sim, porque é essa a coisa que atitudes têm desprezado ultimamente, que em graus variados constitui toda força do mal. Então, pra encerrar, se te der vontade de ser aquilo que você quer ser, sonhar com aquilo que pode ter, aí, camarada, é o seguinte:

1 – Firma teu ponto de amor no irmão aí do lado porque ele vai gostar e você também. O respeito é fundamental.

2 – Quando for compor uma música, pensa bem na letra. Não sai por aí cantarolando “beber cair e levantar...” ou “fuca na cutchuca” ou “esfrega a xana no asfalto”. Quantas crianças isso pode contaminar?

3 – Cuidado com o que você veste! O que ta escrito na tua roupa pode ser “Sei lá”. Sei lá da crise... Sei lá do castelo do deputado... Sei lá do desperdício... Sei lá da transposição... Sei lá do desmatamento... Sei lá da falta d’água... É... Sei lá mais o que...

4 – E, por fim, crie mais alguns seguintes porque eu já estou me desprendendo desta matéria terrestre que me apossei por algumas horas e viajando para avisar aos alienígenas que “todo carnaval tem seu fim” (Marcelo Camelo). O céu azul se tornará cinza e o que era luz será escuridão. Calma! Aqui não vos fala o anjo do apocalipse. É só um cara que vai caminhar qualquer dia desses pela Orla da cidade com uma lanterna na mão.

5 comentários:

  1. Cecílio, parece que a indignação nos contaminou profundamente!
    Parabéns!
    Essa tua crônica está perfeita!

    Abraços!

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  2. ricardão,massa. agora, sério pra caralho. pessimista, mermo.Tomou alguma no carnaval, não?
    fui...

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  3. Do jeito que vamos não existe luz no fim do túnel João.

    Cecílio

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  4. Cecílio,

    Teu texto é um caso sério. Bem, vou explicar: Ele a princípio me fez pensar: "Mas o que ele quer dizer aqui? Não tô entendo!" Tô sendo sincera! Mas até então eu havia feito uma leitura "por cima", coisa que não se deve fazer. Aí o João falou: "Faça então uma leitura por baixo" E eu, obediente como sou (rsrs) segui o conselho do nosso colega. Fui ler. Li. E não é que eu captei a vossa mensagem! Eu li por baixo, e é embaixo que tá toda a alma da tua argumentação. Disse tudo! E eu assino embaixo!! Amém!

    Abraço,
    Emiliana

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